Preso líder do Parque das Tribos acusado de extorquir moradores usando influência na Prefeitura de Manaus

O Líder Comunitário do Parque das Tribos, na Zona Oeste de Manaus, Ismael Franklin Gonçalves, conhecido como Ismael Munduruku, foi preso por envolvimento em tráfico e pela prática de cobrança de propina, segundo informações da Polícia Civil. Ismael ganhou notoriedade como representante do Parque das Tribos, na Zona Oeste de Manaus, mas seu histórico inclui acusações graves relacionadas ao uso indevido de sua influência junto a órgãos públicos.

De acordo com as investigações, Ismael exigia valores que chegavam a R$ 2,5 mil para facilitar a regularização de imóveis por meio da Vice-Presidência de Habitação e Assuntos Fundiários (Vpreshaf), ligada ao Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb). Ele teria se aproveitado da função que ocupava na Prefeitura de Manaus, ainda na gestão de Arthur Virgílio Neto, para promover o esquema.

Embora tenha sido exonerado do cargo de assessor, com salário de R$ 4,4 mil, em junho de 2020, continuou explorando seus antigos vínculos dentro do sistema municipal para extorquir moradores. A prisão em flagrante ocorreu no dia 9 de julho daquele ano, no bairro Ponta Negra, após um trabalho de vigilância montado pela Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações (Derfd), que monitorava Ismael aguardando o momento em que ele receberia a propina.

Na ocasião, a própria Prefeitura de Manaus formalizou a denúncia, conforme consta em nota divulgada em julho de 2020. A administração afirmou que a denúncia partiu de uma testemunha que se apresentou diretamente ao órgão e, seguindo o protocolo legal, o caso foi encaminhado à Polícia Civil.

Segundo o delegado Aldeney Góes, Ismael se apresentava como funcionário público mesmo após a exoneração e oferecia agilidade nos trâmites de regularização fundiária em troca de dinheiro. A prática se enquadra no crime de tráfico de influência, previsto no Artigo 332 do Código Penal, com pena de reclusão de dois a cinco anos, além de multa.

A reincidência de Ismael em práticas semelhantes levanta questionamentos sobre os mecanismos de controle e prevenção à corrupção em setores sensíveis da administração pública, como o de habitação. O caso também reacende o debate sobre o uso político de lideranças comunitárias e a necessidade de rigor na fiscalização de suas ações.