Lula critica sanções e diz que Brasil resiste na defesa da democracia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou seu discurso de abertura na Assembleia-Geral da ONU, nesta terça-feira (23), para atacar as sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos e alertar para o avanço do autoritarismo no cenário internacional.

Segundo Lula, o multilateralismo enfrenta uma encruzilhada, com a autoridade da ONU ameaçada por “sanções arbitrárias, atentados à soberania e intervenções unilaterais que se tornaram regra”. Ele ainda fez um paralelo entre a crise das instituições globais e o enfraquecimento da democracia.

“Quando a comunidade internacional vacila na defesa da paz e do direito, as consequências são trágicas. Forças antidemocráticas atuam como milícias físicas e digitais, tentam sufocar liberdades e cerceiam a imprensa. Mesmo sob ataques sem precedentes, o Brasil resistiu e defendeu sua democracia, conquistada há 40 anos após duas décadas de ditadura”, afirmou.

CONFLITO COM OS EUA

O discurso de Lula ocorre em meio às tensões provocadas pelas medidas do governo norte-americano contra autoridades brasileiras. O ex-presidente Donald Trump aplicou tarifa de 50% sobre produtos nacionais e, em julho, usou a Lei Magnitsky para sancionar o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo que resultou na condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

A ofensiva também atingiu outros magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF), que tiveram vistos cancelados, entre eles Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Flavio Dino, Cristiano Zanin, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Edson Fachin.

Na segunda-feira (22), os EUA ampliaram as medidas contra familiares de ministros, sancionando a advogada Viviane Barci de Moraes, esposa de Alexandre de Moraes. O governo brasileiro reagiu com “profunda indignação”, afirmando que não aceitará agressões à soberania nacional.